quinta-feira, 3 de junho de 2010

Sonhos Tortos.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Fim, ele disse. Fim, eu concordei. E atalhei que o fim dele era diferente do meu. Meu fim não permitia concessões. Era absoluto. Senti a vontade dele vacilar e meu íntimo espelhava o mesmo quadro. Não era aquele fim que eu queria. Na verdade nenhum fim chegava perto do que eu queria, porque eu não queria fim nenhum. Mas se fim era o consenso, que fosse do meu jeito.

Findamos. Ele se foi, triste como quem acaba de decretar o fim de algo. Eu fiquei, triste como quem acabou de ouvir o decreto da própria morte. E o expulsei da vida. Mas não de mim. Em mim ele ficou e eu me pus a contar o tempo feito compassos de valsa, um dois três, um dois três. O tempo descompassou, meu coração perdia a velocidade. Comecei a pensar se o fim dele se estenderia a mim. Se ele podia nos findar e tentar outros inícios, por que eu não conseguia findar dentro do coração?

Um dois três, um dois três.

Uma pausa de mil compassos, por favor.

Já não havia mais acordes para aquela valsa desajeitada. E olha que eu a considerava minha masterpiece. Mas o compositor sabe quando tem de parar, quando as dissonâncias fazem doer os tímpanos e quando as repetições criam em qualquer ouvinte o desejo do silêncio. Escrevi a nota final e mudei de partitura. E de clave.

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