sexta-feira, 16 de abril de 2010

Pulsando.


. . . Estou olhando pro meu coração pulsando aqui na minha mão. Todos que passam e me vêem as costas perguntam: O que você tá fazendo aí nesse canto ? E eu respondo a verdade, sem me virar: "
" Estou olhando pro meu coração pulsando aqui na minha mão.
Ninguém acredita. Ás vezes nem eu. Fico tentando decidir se vou esmagá-lo de vez ou se eu vou colocar ele na gaveta quietinho pra quando eu sentir falta. Até lá não vai ser difícil andar com esse buraco, tem gente que já nasce sabendo como se virar nessas situações. Estive pensando até em comprar uma casinha de cachorro pra ele, deixar uma vasilha com água, alimento e cobertas, caso ele queria se esparramar mais no seu novo lar. Frio por frio... oco por oco....
Mas quando vem no pensamento aquele nome, meu coração borbulha, eu me assusto, derrubo o coração no chão. Na mão, uma bolha. Pego novamente com mais cuidado. Olho assustada, o filho da puta. Pulsando. Depois do aperto. . . depois da queimadura. . . depois do tombo. . . Pulsando. . .
Suspiro. . .
Outro, ao longe, reconheço a voz. "O que você tá fazendo aí nesse canto?". Dessa vez não respondo. Ouço passos mais próximos. Ele senta ao lado, quase grudado, mas eu olho pro coração. Com um gesto delicado e firme, ele abre meus dedos. Subo os olhos. Ele mantém a expressão nada surpresa e segura. Se aproxima mais ainda e me dá um beijo leve. Olha nos meus olhos. O sol nasce longe. O homem se levanta e anda até a rua. Abre o carro, grita lá de longe: "Você não vem?". Olho de novo pra mão aberta, segurando o coração. Ele pulsa mais devagar. . . Calmo. . . Sereno. . . Assim gosto dele. Disfarçadamente o guardo e fecho o zíper do casaco. Faz frio. Vou encolhida pro carro, abraço meu homem e sinto ainda a sua falta, acho que não vou dormir bem. . .

(Autor desconhecido.)

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